Diálogo de duas flores
Diálogo de duas flores
Um petúnia e uma orquídea ,
Conversavam num jardim,
Em uma noite estrelada ,
Com perfume de jasmim.
As flores sobre tudo falavam,
Faziam poemas pra lua,
Divertiam-se com o orvalho,
Que sempre ao chegar se insinua.
As árvores ficavam intrigadas,
Como há tanto
assunto?
Tentavam se abaixar,
Para conversarem junto.
A noite toda faceira
Jogava com charme seu véu
As estrelas cintilantes
Sorriam, brincavam no céu.
A alvorada se apronta
Para sua apresentação
Mas a noite diz:espera!
Ainda brilho na amplidão!
Orquídea tão delicada,
Conta de seus amores,
A petúnia equilibrada,
Diz que amar traz dissabores.
-Eu,orquídea tão rara
Só floresço anualmente,
Você, petúnia tão simples,
Joga no vento as sementes.
-Mas temos raízes, orquídea,
Nascemos pra ser contempladas,
Não somos como as rosas,
Que são colhidas e ofertadas.
Eu queria ser humana,
Dizia a orquídea a chorar,
Conhecer os prazeres da vida,
Por alguém me apaixonar.
A petúnia sonhadora,
Sentiu-se penalizada,
Mas disse, a vida dos humanos,
Às vezes é complicada!
Melhor assim sermos flores,
Sonhar e ter ilusões,
Do que viver na selva de pedra
Lugar de atribulações.
Aqui o sol nos aquece,
Com a chuva podemos brindar,
O solo é nosso alicerce,
O céu nosso patamar.
A brisa sempre suave.
Vem e nos acaricia,
O vento conta as novidades,
Pássaros nos brindam com suas melodias.
Que mais podemos querer,
Além desse jardim multicor?
Com a natureza em festa,
Em harmonia e amor.
Nossa existência é efêmera,
Mas parece eternidade,
Pois mais do que simples sementes,
Fecundamos amizade.
A lua sorriu lá no céu,
Até o sol se emocionou,
Estrelas chamaram a alvorada,
Que um novo dia proclamou.
E aqui termina a história,
Das duas flores faceiras,
Eu a ouvi, pois eu era ,
Dali a feliz jardineira.
Regina Xavier