Natal dos esquecidos

Nesta noite de natal não posso estar com vocês. Nem conseguir um chão para morar e trabalhar. Somos aquele povo humilhado e estamos esperando o sopro divino. Esperar com a mão estendida o salário do pai pedreiro que os governantes engoliram e enterraram nas falsas estradas da exploração do desvio e do cinismo.

Onde está o papai Noel? Aqui não está.

Na minha palafita não tenho nem pão, só tenho trapos e latas. O rico não chega a minha mesa, minha toalha de natal é de saco de estopa molhada e fedida.

O falso papai Noel escolhido em concurso dos demagogos, também não vem na minha palafita para não sujar suas botas de marca na vala que serve de esgoto onde a podridão e fezes faz morada.

Só tenho direito ao (natal dos pobres) como dizem nas propagandas feitas em faixas e por futuros candidatos.

No saco de presente doado depois de enfrentar a fila da misericórdia.

Umas bolas, míseros chocolate, roupas usadas etc. Dentre todas promessas, caridade, mentiras, desprezo e medo que aquela aglomeração traga doença, sempre existe uma garrafa de álcool para desinfetar as mãos quando precisar. Somos descriminados, mas vamos continuar esperando como peregrino. Libertação, esperança no filho da periferia que já trouxe tantas taças e medalhas para o Brasil com aquele pé que não tinha nem chinelo só o achado no lixo. Mas depois se torna celebre, jantar de luxo, anda de avião e os ricos que os descriminava, se tornaram seus falsos amigos, aquelas mãos que lhe negaram um nobre natal a sua mesa, hoje os levam no seu carro importado para jantar em melhores restaurantes.

Nas andanças da vida, as estradas da vida se encontram e os oceanos se misturam e os fatos acontecem.

Agora meus meninos das palafitas, Deus mostrou aos mercenários que vocês tem suas mesas farta de justiça e dignidade. O menino pobre das palafitas e favela consegui com seus pés outrora sujos a maior parte da vida o do sucesso horando e merecido. Não precisou ser desonesto, nem trapaceiro. Enriqueceu com seu talento, inteligência e disciplina, colocando o nosso Brasil entre os melhores. E desfrutando um natal de luzes, amor, paz e fartura. Isto é Deus!

Zilda Varejão de Lima
Enviado por Zilda Varejão de Lima em 14/06/2012
Reeditado em 24/06/2012
Código do texto: T3724745
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