É ?
É?
Pois é,
Estava eu a filosofar
Sobre a “arte” de poetar
Pensando que não considero escrita
A forma de fazer poesia
Pois ela é a forma mais perto do pensar e do dizer
Na forma do escrever
Do grafar para outro ler
O sentir que se têm que contar
Num contar falado ao outro
O que sentimos de nosso entorno
E por ai vou pensando, tipo filosofando
Um contra ponto
Pois se a poesia não é exatamente escrita
Pois foge da norma culta e e descrita
E limites da escrita
A prosa o será?
Deverás que havia de ser
Mas vamos parar pra ver
O dedo de prosa que vovó gostava de levar
O moço todo prosa que quer a moça impressionar
O mundaréu de coisas que em verso e prosa se pode cantar
E na prosa nem tem norma de rimar
Mas de escrever como se estivesse a falar
Vou te contar
Filosofar é difícil começar
Mas quase impossível de parar
Se queremos educar concordo que precisamos saber normatizar
Pra quem aprende poder optar
E mesmo variar
Mas se queremos falar na escrita
E não dá escrita
O texto mais charmoso ao lido
É aquele que faz do ver o ouvir
Que quando lemos parece conselho de amigo
Tem som de pessoa querida
É o texto que conta, ao qual escrito
Em cada linha que define imagens
Em alta resolução
Faz cinema na imaginação
Este texto é prazer de ler
Seja em prosa, seja em verso
Seja norma culta ou inculta
O significante vivo
Nos adentra ao significado
Se lê o dito
Se vê o não dito
Se faz da literatura uma filmoteca imaginária
De cenas tão belas de castelos, bares, fadas
Tudos e nadas
Criadas pelo leitor, sussurradas pelo autor ou co-autoradas?
Ah! Isto é de pormenor, pra discutir na academia normativa
O que importa é ver e escrever,
Escrever e ler,
Aprender e apreender.
E tudo de novo fazer.
Mas aí já estou a divagar, a derivar.
Sai da temática, da unidade
Peguei bonde em avenida distante
Fora de contexto
Vamos voltar de trem, metro, na universidade
Como essência de lugar de debate
Ou retornando o dedo de prosa
O assunto da poesia escrita
O filosofar da estética
O observar da ética
A consciência da reflexão
O sentir da emoção
E a pergunta persiste
A poesia é escrita? é da norma?
Ou é cantar emoção pensada?
Da forma escrita?
Pra ser falada?
É gostosa de ler como se ouvida
Em norma culta – inculta
Dominante – militante – delirante
Não importa
Pois a norma deve ser,
Que ao ouvir do olho é quem escuta/lê
Não cause estranheza demais
Para o filme não interromper
O fio da narrativa
Seja o fio da entenditiva
Mesmo que se precise inventar vocabular
Palavra tem que parecer falar
Pois então concluo
Como queria demonstrar
Que a melhor escrita é a que fala
O melhor linguista o falante
E tenho dito por esta escrita. Vamos falar.