ENTRELINHAS
Entrelinho nos meus versos
Sentimentos
Que não suporto
Ver dispersos
Digo só o que digo
O resto fica aqui
Neste meu porto de abrigo
Que não esqueço
Até que sinta ser
O que pensas que mereço...
Nem sempre sou directo...
Desenho ângulos obtusos...
Procuro por detrás
Da paisagem...
Muito mais do que a imagem
Que me dás.
Os rostos que pinto
Com as palavras que tenho
Não podem ser confusos...
Podem mudar as longitudes
Do que sinto
Das latitudes...
Não fujo!
Não preciso fujir,
Nem quero sentir-me sujo...
Podem mudar o horário,
Baralhar os fusos,
Podem, até, ler-me ao contrário...
Encontrarão no cenário,
Que me apetecer construir,
Os triângulos que não fiz!
Troco, naturalmente,
A recta
Pela bissetriz
Das minhas atitudes...
Das virtudes
Não sou eu que hei-de falar
Se as tiver
Não estão sózinhas
Nas linhas que não escrever,
Nos quadros que não pintar
Na mulher que sei amar
Nas entrelinhas
__________________Ressoa
In "POEMAR" Hugin Editores ano 2000 - www.joaomoutinho.com
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