Culatra








Apaguei a luz da lua com um cruzado de direita.
Agora o que  ilumina são os olhos da coruja.
Justiça e lei, futuro negado, ato falho, impasse,
por um sonho, não entendo por que se pôr a chorar,
por um sonho não entendo a mãe a se sacrificar.
Não entendo, mas sei que tudo é raça.
Não importa se da lua nasce o último acorde,
por um sonho caminha todo um povo.
E pelo solo, toda a raça espera a última hora,
e escutando, eu desconfio, acuso e caio fora.
Bem vindo á terra da tequila e da propina,
sexo barato e de má qualidade,
doenças venéreas para viagem,
e toda essa cadência de quadris disponíveis...
Essa é a pena de uma tristeza não identificada,
oculta nas síncopes de uma partitura selvagem,
que não vale o dólar da marijuana queimada.
Uivam os coiotes em busca da lua que apaguei,
deixando no céu o breu e marcas de planos de vôo.
Não nasci para ser governado, caminhar nem sumir.
É mais como um desconforto estomacal, antes da travessia,
mais como um suor frio, ante predadores naturais do homem.
Um dia morro, mas sempre mantendo o coletivo
embaixo das botas de montaria,
que pisam cada manifestação de primavera.
Pelas ruas da amargura, nessa manhã,
todos passaram novamente.
E me pergunto:
quando a deixará, patriota cansado,
este beijo de bandeira esfarrapada,
este calor de piedade ameaçada.
São cuspidas Ave-Marias, e quando,
me pergunto, quando,
alguém de fato, não precisará mais se justificar???


EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 12/06/2012
Reeditado em 12/06/2012
Código do texto: T3720017
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