SEMEADURA
Chuva de insondáveis pensamentos
enigmáticos, escuros,
não os entendo, eu juro,
parece me chegam no vento.
Madrugadas de vigília...
vivo só em minha ilha,
distante, longe de tudo.
Não pergunte, eu sou mudo,
cego sou, pois nada vejo:
nada sei dos meus desejos,
mas o que não sei eu invento
só por mero passatempo,
para dar brilho à palavra
chama clara que irradia
e que, a mim, me propicia
semear na própria lavra
na noite, também no dia.
. . .
COLHEITA (Lucas Kind)
Escorrem incontáveis sentimentos
Fleumáticos, absurdos
Não os prendo nem os curo
Deixo-os ir a contento
Aninhados em matilha
Nunca seguem a cartilha
Avante, vêm do profundo
Não me questione, contudo
Se sentimentos almejo
Nem a quais sonhos ensejo
Só sei que já passa o tempo
Que colher é meu intento
Não desejo a raiz brava
Meu arado principia
Ara a terra em primazia
A semente é a palavra
Colho versos cada dia!
Escorrem incontáveis sentimentos
Fleumáticos, absurdos
Não os prendo nem os curo
Deixo-os ir a contento
Aninhados em matilha
Nunca seguem a cartilha
Avante, vêm do profundo
Não me questione, contudo
Se sentimentos almejo
Nem a quais sonhos ensejo
Só sei que já passa o tempo
Que colher é meu intento
Não desejo a raiz brava
Meu arado principia
Ara a terra em primazia
A semente é a palavra
Colho versos cada dia!