Espírito Melancólico

E o espírito em tarde melancólica

Recolhe-se ao chuvisqueiro na janela

Essa chuva em conta-gotas

Nessa devassidão de devaneios

Os olhos se afundam nas imagens

Que vez ou outra surgem como sombras

Ou pelo canto do olhar desconfiado

São os fantasmas adormecidos... Frio de alma

O bucolismo invade os sentidos

E os campos vazios povoam a mente

Aquele caminhar na relva úmida

Entre as frestas da imaginação

E o espírito em tarde melancólica

Recolhe-se ao introspecto

Mergulhando em jardins edênicos

E recusando a maçã do pecado

E a chuva lá fora... Lavando almas

Reflete suas nuances em sol tímido

Lentamente em gotículas repartidas

Pelas saliências contidas nos vitrais

E as cores envolvem o espírito

Em um transitar melancólico

Em campos inférteis... Dias frios

Entre os reflexos prismáticos do amanhã

Guardando seus desejos contidos

Divididos entre todos os eus nessa tarde de outono