A vida quer ser real

De tarde

Quando a noite

Já está por perto..

E a esperança vermelha

Do céu cobre as crianças

Que brincam de bola..

E na janela as donas de casa

Descansam depois de uma dia

De luta...com seus olhares

Tristes, penados, que sabem

Tudo, mas não se o que fazer

Com tanto mistério...

Eu ando subindo a rua, com o peito aberto

De frente a vida e aos rostos

Que espreita e me espreita...

Que me pergunta que raio de mistério

Eu procuro...o que faço, e como

faço pra subir tanto a rua...

não sabem que escrevo

poemas, por isso preciso

sair e ver e perceber e falar...

No caminho,

Cada passo é um reinado

Pois um pequeno instante

É eterno. E milhos de mundos

Existem em cada instante,

Cada ângulo é uma vida

Uma vida pode mudar

Em qualquer hora...

Que o olhar espanta

Com a diferença...com

a vastidão...que realidades

se atrofiam uma na outra...

e que podemos estar em todas...

ou em uma só..

E vida que se mostrar

Aparecer, se tranformar..

E força a retina da sua crença...

Acredite! - É isso, pode ser isso!

e a gente desconfia...nao se entrega...

o medo tão vasto como o tamanho

da vida...

A vida quer ser toda,

A vida que ser real...

Vejo homens

Voltado do trabalho, cansados, fadigados

Os filhos lhes abraçando,

No mesmo passo, vejo

As paredes das casas envelhecidas,

O vento frio que deixa a tarde

Com gosto de hortelã...

Não preciso dar mais uma passo

Pra ver que sol é belo,

Que céu está mais azul

E que o dourado espirrado

Está enegrecendo...

A vida é tantas e eu subo

A rua percebendo coisas

Escondidas,

Que parece elefantes subindo

Um poste....

É bom viver e é bom

Ver a noite chegando