CANTO 29
Tua lembrança querida, toca no mais íntimo de minha alma, aquecendo-a na forja comburente da saudade.
Sinto o frio da noite glacial da solidão e do abandono,
sobre o mar revolto das minhas amarguras. Guardo comigo o estigma do sofrimento e da dor e percebo a nuvem que prenuncia a grande tormenta, e o vórtice traiçoeiro das on-das em que navegam meus sentimentos.
Pobre e desgraçada alma, esta minha, destinada a viver
eternamente sozinha, séculos sem fim...
Tenho o coração prezo no cárcere de angustias e, mui-
tas vezes mergulhado na poça das próprias lágrimas... Es-
tou inabilitado a qualquer anulação das síndromes da afli-
cão e do desespero e vivo torturado do coração e da inteli-
gência!