UTOPIA

Assusta-me a realidade da distância,

Que nos separa na vida toda e sempre.

Guarda-me-ei a língua na minha vivência

Para que o pecado a minha alma lembre

De que o inferno é cheio de igual pecador

Fisgado até pela língua que fala sem temer;

Flagelados pela vida do grande prosador

Que se foi antes mesmo de um anoitecer.

Assim eu vejo através de uma fosca vidraça

Que o destino me expôs a frente sem escolha,

Roubando-me a alegria, deixando-me à míngua.

Ele condenou meu coração a sorrir sem graça,

rolar no chão como se fosse uma seca folha

Guardando o xingamento através da língua.

DIONÉA FRAGOSO

Dionea Fragoso
Enviado por Dionea Fragoso em 10/06/2012
Código do texto: T3716733