O ÍDOLO: REPERTÓRIO : A NOITE DA CERVEJA
SOU APENAS UM HOMEM APAIXONADO
A minha saudade é uma voz tão cheia de cor,
que eu moro dentro de uma aquarela
pincelada de emoção
Não importa o caminho, n'algibeira
carrego anjos de vento contornados de fogo
cuja missão é contar a história do meu amor
inventando mundos por ti
No rodeio do Boitatá
as árvores liberam melodia e sonho
porque você dança nua sobre o lago
aonde a Vitória-Régia se abre
pelo teu sexo que insuma a flora
de mel orvalhado
A formiga urra o suficiente
p'ra estrela cadente virar um anjo de pedra
e eu vago, maltrapilho, pois já não tenho loucuras
que venda no mercado espiritual,
sou apenas um homem apaixonado
cantando o amor pelo luar sonoro
E este amor,
é só o que te posso ofertar,
meu único palácio é a Natureza
e a riqueza sob meus pés
é o céu profundo aonde o Poder
é o Amor da minha alma máscula por ti
ERIKO ALVYM
A CORUJA LEVANTA GAVIÃO
Sexo degolado
do cavalo alado
esparrama avenidas criminais
na esquina da alma a traição
saudade é hóspede
segue estrada afora
a caravana dos abandonados
o rei é vivo
embriagado
no sangue da plebe
eu encho
de lágrimas
o teu ventre
eu visto o traje real
p'ra te amar, sêmem
e suor - coroado pelo sol
Na entrada da cidade
a bruxa-sexy recebe
o santo, a igreja é para o amor
o corpo é aonde/
pé-ante-pé
arranco da sombra
o leopardo
arrastando o sexo
no jardim do teu cio
O cavalo branco espalha
da crina o fogo na rua
- selvageria e doação
Teu corpo é a égua
de uma divindade em fúria,
teu íntimo um lago fumegando céus
Nu - encharco as areias
pelo cajado, certo da suculência
que no oásis te umedece o fruto
Tenho nas botas solidão
e desdèm, nas esporas
caravelas levam povos espirituais
Assassino, o gueto é meu,
se a sirene é o anjo denunciando
o invasor, a culpa é longe do ateu
Seja como for, o príncipe
nasceu do mendigo quando eu
te amei, das cinzas a coruja levanta gavião
ERIKO ALVYM
VERSOS DO AMOR
Eu corro na praia buscando uma estrela cadente
só p'ra te ver sorrir, eu ponho a mão no céu
e te dou de presente uma boneca de pano
e um saci
Eu não olho do lado quando se trata
de você, apago o trânsito da rua
e tiro do bolso uma ilha só p'ra te ver passeando
num campo de morango todo de amor
É fácil penetrar nos limites do sonho
quando se trata de você, te olhar
é inventar o sorriso da alma
que no pássaro é voar
Eu abandono todo hino só p'ra te ninar,
niemareio uma curva no horizonte
e o porto se enche das garrafas
com os versos do amor que no silêncio te dei
Prefiro pisar nas brasas calmamente
do que esquecer que um dia te vi
tua aura é uma chama tão vindente
que o teu chegar é muito mais do que aqui
ERIKO ALVYM
BELA MAIS BELA
Então, chegou o dia do Grande Encantamento!
na estrada repleta de carros e tendas
celebra-se o último invento,
a borboleta é o sonho na tua voz que se desvenda
Eu acendo a tocha na caverna
e percebo as sombras do amor clandestino,
a trombeta soa ninguém sabe aonde, crer na
espiritualidade é escolha, ouça o que eu afirmo
A princesa espalha na mesa
os olhos dos sonhadores, no lago
a dona da verdade repousa atenta,
o guerreiro joga a espada fora, depois do trago
Então, chegou o dia do Grande Encantamento!
sabiás e lobos-guarás dominam a arca,
ao teu olhar perfilam-se sentinelas , o momento
exige altivez e liberdade, quem saca
o baralho dos desastres é o mágico
que teme o escuro, a mulher atira
a noite e o salteador levanta ávido,
a moeda na balança é o passado, veja se valha
Então, chegou o dia do Grande Encantamento!
tua dança é o gênio feito do jasmim, bela
mais bela, tua festa sela
a vontade estranha de assinando a alma
esquecer o assento
ERIKO ALVYM
CASAMENTO VAMPIRO
Você cobre os meus olhos de ternura
e a noite é uma canção enviada
pelos pássaros pousados na lua
Aonde os acordes caem do violão n'areia
crescem frutos lunares pomareando sonhos
e as esfinges gotejam estrelas dos olhos tristonhos
Por mais entregue à prece
o anjo que me guarda é o teu Amor
minha saudade é a voz de uma cólera
na curva feita mulher
no horizonte surgida esperança
sagrada pelo sangue derramado
na minha boca de orgias
cujo sacio
é o casamento vampiro
no sexo a sua aliança da minha alma
Você cobre os meus olhos de ternura
e eu retiro pássaros do fogo
que o céu assinou no nosso amor
do qual não queremos abrigo
ERIKO ALVYM
CATEDRAL
o perigo das ruas não cala o meu Amor
os demônios que mendiganham procuras
vociferam o anel guerreiro que eu porto no dedo
mas só na alma levo jóias
eu tenho no Amor a arma fumegante
no olhar selvagem caço a presa sideral
porque na tenda Você dança a única saudade
que me sucumbe: o corpo de promessa
catedral dos anjos carnais
eu vivo cambalos da embriaguez que é o seu Amor
nada me submete porque no sexo o cão feroz se faz
eu vendo os sonhos da noite no mercado negro
assim pago o almoço da decadência que restou:
a verdade que o mundo só aceita em títulos contábeis
vocefera verbos de fogo dentro do labirinto
o meu grito de Amor cria outros seres
os poderosos nabos do rei
procuram vítimas mais dóceis
só as garrafas perdidas no Dilúvio informam corretamente
o endereço do Amor que me nutre de Você
ERIKO ALVYM
BANDOLIM do SEU AMOR
Quando anoitece
eu penduro no céu
a estrela do meu único amor
que é só você
A saudade que domina
é sempre maior
porque não sei sentir
de maneira disfarçada
A verdade do amor
é sempre escancarada,
eu sei amar apenas
declarando em público
o que há no coração
Quando anoitece
eu olho no céu
o seu sorriso
tracejando o luar
A saudade que ponteia
o violão da minha alma
é um porquê do sentir mais
o amor mais declarado
A saudade que te devoto
é tão bem manifestada
que no meu telhado
há um anjo de bandolim
do seu amor fazendo a guarda
ERIKO ALVYM
BURACOS NEGROS
Sangue sangue sangue sangue
sangue sangue sangue sangue
sol
uma bandeira indecifrável
guia o desfile
ignora-se a regra tônica
e o chamado doentio
permanece suspenso
- pedra e espinha da voz
Cavalos loucos guardam
túmulos de mulheres virgens
seladas nos sexos pela cera dos testamentos
porque o Tempo é um Anjo
sorrindo buracos negros
Apenas no submundo da lua
há castelos repletos de orgias e vampiros
descreio no adeus porque o sol nunca faltou
e se me foi o coração dado de morada à alma
é porque chora em mim um Amor
tão definido que até o nome
do sonho decreta entrega
A mesmice do jornalismo não capta quem chegou,
é de propósito, porque na bagunça
a louca harmonia produz as melhores vítimas
Me conduzi além das muralhas desta cidade
aonde a jurumela atlante do perdão e do arrependimento
provoca gargalhadas nos céus
Eu caminho no labirinto dos jardins loucos
aonde as formigas maiores do que os cães
cultuam o serrote,
redemoinhos de ventos materializam anjos bélicos
só porque a aurora é a bandeja de toda permissividade
do meu sexo devoto de você
CHORO LINDO
Com a cólera selvagem de um deus pagão no olhar
te invento porque arrebento de todas as vontades
O fogo combustila teu sexo e retiro rubis da vertigem
que no teu olhar desenha devaneios mar e motos singrados
Eu abdico da elite nenhum vândalo permanece
quando o que resta é um réquiem
Quero uma tempestade apenas por conveniência
quero engarrafamentos e tropas na rua
a conspiração começou
Deixo na beira-mar a droga que nunca usei
e uma estátua de quem nunca foi herói
De agora em diante o tempo é um te-amar permanente
reconheço apenas a necessidade tirana de ter você sem outro quê
Porque eu não digo, amo, e me alimento do fogo
só porque o teu corpo é o instrumento do meu opus
retiro do teu amor o choro lindo espalhando a música da manhã
ERIKO ALVYM
VONTADE ANIMAL
Como eu amo Você, meu Amor,
em cada rua encontro o desejo
que me leva a desenhar os raios
e os trovões que inundam minha saudade
São tantos as faces penduradas nos cabides
do quarto em que não tenho Você na cama,
a madrugada é a pintura da minha voz
chamando seu nome de amada em cada estrela
Meus olhos choram facas
nos túmulos dos anjos aniquilados
aonde degolo a rosa genitália
do rock'n'roll
com a espada perdida de um pirata arrependido
Cavalo fantasma aparece no badalo
aonde o mistério é doce p'ra interessar à criança,
Prometeu não é demônio é apenas otário
ninguém agradece o recebimento do fogo
porque o Amor é santo e o desejo
o sabor da vontade animal
de viver Você
ERIKO ALVYM
ELA TOMAVA CERVEJA
A menina linda vestida de flor
tomava cerveja fechando os olhos de flama,
um pássaro cantava entre os cabelos dela
o canto do pássaro era uma flecha estrelada
O amor é o acorde do céu
o céu é o acorde do amor
Ela tomava cerveja, ela tomava cerveja
e era a festa ponteada de canção,
uma gota de suor escorreu pela calcinha
tecida de auroras: solzinho lindo
que o pássaro devorou entre os pelinhos dela
E hoje, ao final de cada dia,
vê-se um pássaro branco e bêbado
levando pelas asas uma menina linda
na fundura das vaginas cascateantes do crepúsculo
ERIKO ALVYM
SEDE DE VIVER
Anjo
evaporando
do perfume da rosa
A fêmea do centauro
é a sede de viver
Estática
você é a odalisca
tracejando a canção
Inteira
você é a vinda
quando o horizonte
lagrimeja as estrelas
e a noite
é uma ninfa
no milagre da dança
quando o silêncio
é um olho alado
na espada do desejo
a rua devolve
a saudade
e o sonho é festa
o que pode a fome
quando o amor
é certo?
Só é real
o sonho
no chegar direto
A Beleza
segue
quanto mais permanente
quanto mais
permanente
a Beleza segue
ERIKO ALVYM
RASTRO DE HOMEM
Me enterrem 'baixo de onde nasce o sol
p'ra que eu seja o anjo badalando o sino
que espalha pássaros que piam demências
quando escorre o desejo do sexo das meninas -1x
A lua guarda nas sombras estátuas
dos guerreiros nus como eu fico por você
apontando o horizonte a espera
do teu vulto surgido na estrada
baby pedras rolando deslocam a nascente do sol
(a nascente do sol) para o nosso amor de amantes-------REFRÃO
deixar na lagoa as roupas amarrotadas da moral
baby deixo um rastro de homem
escorrendo nas rosas ardentes
nas esquinas dos motéis vagabundos -1x
baby grafito meu rastro de homem
nos viadutos vazios das madrugadas
baby para os solitários paraíso
é quando o amor vive na distância
baby para os solitários
o amor é uma rosa nascendo no espelho
baby para os solitários baby para os solitários -1x
ERIKO ALVYM
O IDIOTA!
Caminho nas ruas sem rumo
e pelos olhos deslizam flores-vampiras
de um jardim cujos frutos pingam sangue,
a sombra escorre entre becos
acossada por corcundas-canibais
e justamente quando tudo é eterno
acabou o bom-senso.
Ainda bem!
crianças metálicas crianças automáticas
repousam da guerra sob viadutos
cuja música motorizada
prova que o mundo desumaniza a lenda
é preciso manter o povo em transe idiotizante
por isso ídolos decadentes assassinados
só na morte o lucro
mitos desenterados em sinal
d'avareza solene
ou vigarice da fé.
Ouça o som? das trombetas industriais
soando o orgasmo econômico
como gemidos programados
de um amante sado-mecânico
e o Idiota! penteia as asas dos anjos
catando crianças sem pátria
perdidas nos templos dos mercadores
alheios à vida
embora a fúria dos mistérios
sopre
assanhando a cabeleira do céu
ERIKO ALVYM
ALMA CIGANA
Entre a Beleza
e a Caveira
a Caveira escolhida
Rainha
apenas
na sombra
Mulher
sem alma
tropeço
O amor
envergonhou
a noite perdeu estrelas
Aonde o anjo
terminou pedra?
dedicação ao vulgar
Urubu
desconcertante
a saudade
pois ir embora
é permanente
na alma cigana
ERIKO ALVYM
CRIANÇA DA FRUTA
Fui até o abismo entender
pelas estrelas o passado
e encontrei o Anjo Libertino
despindo as chamas da Orgia
ao som aquarelado da Aurora
Feras de ácido sussurram
visionagens
Até quando ouvirei do horizonte
o pensamento brutal dos dragões?
É preciso Inteligência mais do que astúcia
Trocar o vazio da certeza
pela aventura
ninguém chega na sabedoria
sem comportar-se mal
Eu não preciso da lógica
estou imbuído do teu corpo
singela odalisca
tua púbis de tão solene
é a criança da fruta
Dance para que o sexo macho
encontre o sentido da gula
dance com anjos depravados
fidelíssima fêmea
entregue as carnes
ao toque da magia nobre
e o Amor será extremo
em você a Aurora é o nascer sagrado
em você a Aurora se despe do Anjo
e verte a mulher avermelhando
o espelho do lago
em você estar acordado
é cruzar a fronteira do sonho
ERIKO ALVYM
APOTEOSE DO CIO
Dance, a festa da miséria é de todos, dance,
o anjo desenha os destinos na caverna,
resta o abismo, mas quem disse
que o abismo é o fim?
Cavalos fogosos mordem
as portas dos bancos
suas fêmeas adoradas como deusas
pelos homenzinhos de terno
as pessoas são mesmo assim
Eu ligo a máquina e não sei no que vai dar
na verdade eu sou um rebelde da tecnologia
e sei que todo o pode vai acabar na lama
As almas dos que viveramm de aparência
queimam feito vela em noite de tempestade
você quer uma carona?
As correntes da lua estão cravadas
na minha carne sou o escravo da noite
meu carro bateu no muro do inferno
e as estrelas mergulharam no sangue
estou imundo de mentiras e alienação
nada quero, apenas a apoteose do cio
ERIKO ALVYM
O ÍDOLO
1. Ele era o ídolo das matinées de rock
que pulsavam nos desejos jamais realizados
3. Suas manias eram o sexo aeroradiante
dos haréns astrológicos e
uma revolução eternamente condenada
ao inferno dos discursos
7. Caminhava aonde a paz era terror
8. Cristo nada lhe dizia reinando
nos acampamentos orientalmente celestes
cuja aurora é uma tenda aberta na cabala dos anjos
11.Pegava ônibus como quem monta Pegasus
só amava o automóvel p'ra morrer
13.A paixão é um alfabeto
nada há que seja correto
A História é uma missa
para morto nenhum
quem escreverá a crônica destes tempos?
18.Aquele que é Príncipe sem povo em Parabelum
19.Agruras do Progresso!
20.Máquinas agitando as bandeiras do DNA
21.Querubim é o Agrário
22.O garanhão mascava sêmem
banhado nos escalpos adolescentes
24.Há uma esperança catastrófica
de ser o amor assassinado com doçura
e o meu amor ávido de escuridão
inaugura o oitavo dos mares
onde a insegurança é o governo
29.Você rirá
do Quixote derrotado pela Bolsa de Valores?
ERIKO ALVYM