NAUFRAGANTE

Na imensidão de tudo que nunca passa

Eu perfilo sem ordem nenhuma

Numa teia pulsante e insana


As faces dos muitos outros eus em meio ao breu

Na aleatória compilação dos dias e noites intermitentes

Em que o meu ser silente assiste

As reverberações das coisas mais frívolas

E o réquiem das coisas mais caras

No dedilhar de acordes outonais

Permeados por folhas secas no remoinho do magistral vento

Numa tarde cálida do começo do resto do fim

Onde entre o negro e o branco dos cabelos

E o decapitar inglório dos sinais saudosamente pueris

Pelo qual vislumbro fachos cegantes do que se esvaiu

Sem sequer deixar rastro ou lastro

Sem rompantes minguantes ou viciantes

Sem resquícios, indícios ou fastígios

Sem aviso prévio ou sorriso sincero

Apenas tremores de frio entre arrepios

Por ter certeza que o iceberg perfurou o arredio navio.


 
ZARONDY, Zaymond. VERBOS, VERBETES, VERBORRAGIAS. São Paulo: Grupo Editorial Beco dos Poetas & Escritores Ltda., 2017.
 
Zaymond Zarondy
Enviado por Zaymond Zarondy em 09/06/2012
Reeditado em 20/05/2017
Código do texto: T3715057
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