CANTO 23

Do cardeiro dos meus sofrimentos jamais nascerá

outra flor de esperança, pura, alvinitente, translúcida

e serena.

A esperança foi o Cirinéu piedoso que me ajudou

por tanto tempo a carregar o madeiro pesado das mi-

nhás ilusões.

Qual o sonho de Ícaro, estas ilusões ruíram uma a

uma sem a menor porção de piedade deste desgraçado

peito que as agasalhava, que lhe servia de ninho tépido

e aconchegante.

Não tenho mais coragem, muito menos forças para

tentar outra vez. Para ser novamente incompreendido,

repudiado, pisoteado, eu que já percorri este calvário

crucial, que já sorvi, lentamente, no cálice doloroso das

decepções o licor acrimonioso das desditas, sei muito

bem o que ele representa em termos dolorosos de sofri-

mentos...

Há, sem nenhuma dúvida, em minha alma, imenso e

terrível escaldante deserto de amor...

Amar é dar-se como se é e não se deprimir,violentar-

se para se dar...Quem pouco amor recebeu, é porque pou-

co amor deu.. A nossa capacidade de receber, está em re-

lação direta com a nossa capacidade de dar!...

Sertanejoretado
Enviado por Sertanejoretado em 09/06/2012
Código do texto: T3713654
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.