CANTO 22

A noite é quente! Lá fora uma chuva fina cai

ininterruptamente, trazendo-me recordações ador-

mecidas e aterradas no sepulcro do meu coração.

No céu plúmbeo, descargas elétricas iluminam

feéricamente a amplidão do universo numa demons-

tração titânica do poder dos elementos da natureza.

A chuva , ora aumenta, ora diminui de intensidade. Seus

pingos cadenciados lembram lágrimas de alguma

alma penitente, em amarga reconciliação com

Deus.

Como num caleidoscópio, vou ruminando recor-

dações melancólicas e tristes que o coração rejeita e

a razão repele. Mesmo assim, estas reminiscências

cruéis assaltem-me, tomam-me repentinamente, sem

que eu as possa evitar.

É todo o meu passado de desilusões de insucessos,

de solidão, de angustias, que neste solene momento

emerge das profundezas fantásticas do meu ser.

As notas dolentes do conjunto musical ACONCHE-

GO, na interpretação da imortal melodia’ A NOITE DO

MEU BEM ’ da inesquecível Dolores Duran, derramam

no ambiente uma sensação de bem éster, fazendo-me lem-

brar de ti!...

George Sande disse que: “DEUS PÔS O PRAZER”.

TÃO PRÓXIMO DA DOR, QUE MUITAS VEZES DE

CHORA DE ALEGRIA’ Esta música lembrou-me intensa-

mente de ti.

Como eu queria poder oferecer-te um colar rutilante, for-

mado com as estrelas mais brilhantes da via-láctea, pois pa-

ra uma pessoa especial como és, somente a imaginação pode

tecer o impossível em arroubos de alegria ou nos paroxismos

da dor!...

Para Zau.

Sertanejoretado
Enviado por Sertanejoretado em 09/06/2012
Código do texto: T3713645
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