Luz ou Sombra
Sob o amanhecer agudo que desponta, me sento à sombra.
Pouco me resta senão a treva semi-permeada de luz
Me sento a observar os girassóis e alguns insetos perseguirem o Sol,
atrapalhados pelo vento forte que sopra
Parece não haver nenhuma outra sombra por ali senão a que me recebe, e lá estou só
Não tenho certeza sobre a origem deste opaco pedestal que acolhe
Talvez uma imensa e vivaz árvore delgada, ou quem sabe um astro distante que se opõe ao Sol
De repente é tarde. Percebo que os insetos que observava começam a luzir seus ventres.
O vento para. Vejo minha sombra se dissipar aos poucos. Há tempos que a Lua não me visita mais.
Os mecânicos vagalumes se confundem uns aos outros
Perseguem-se como se vissem em suas barrigas o próprio Sol;
Estranhamente a sombra ainda persiste
Me viro para cumprimentar aquele que me cobre com o negro véu de chumbo
Custo a reconhecer, ou a acreditar talvez; Sou eu mesmo!
Então entendo tudo: Eu sou a penumbra que me rodeia.
Sou eu mesmo o astro distante que intercepta o Sol e me recolhe à erma ilha escura.
Não tenho comigo brilho algum; Minha luz é a treva
Espero a noite chegar...