HUMANO

Eu sou a sombra estranha que te segue à noite

Você me conhece pelo murmúrio que deixo no vento

Eu sou a rocha que barra teu caminho

Na cidade repleta eu sou o cômodo vazio

Eu sou a terra que te escapa entre os dedos

Escorro de tuas veias, sou sangue derramado.

Eu sou o estrondo que faz a arma disparada

Sou a imagem que o espelho Le mostra

Conto mentiras pra você no telejornal

Aceno com novidades nas fofocas da revista

Estou luzindo de desespero no olhar dos famintos

Sou o frio ocre de medo na espinha da vitima

Eu sou a mentira que um dia você contou

Que você ainda vai contar...

A mentira que sempre volta pra você

Aquele ato covarde tem minha assinatura

O heroísmo de poucos tem vestígios meus

Eu rastejo em hospitais moroso de doenças

Eu tenho curas que ninguém vai conhecer

Sou ancião velho feito o tempo

E ainda assim tão jovem e imaturo

Sou o que sente

Sou o que sofre

Sou o que mata

Sou o que sabe

Trago aquilo de que não podes fugir

Retribuições e tragédias

Cargos e vitorias

Apenas habitante

Um ser... Humano.