o corte
Passou?
Não sei...
Parece que não
Pois o barulho das pegadas
Ainda são os mesmos!
Como já sei, não tomo susto!
Já posso imaginar que não
Passa de pegadas trincadas no ar...
E não corro mais naquele busca
Louca de amor...
Talvez eu não queira que
Passe,
Talvez goste
Desses passos que ameaça,
Mas não chega!
E que deixa meu desejo
Despedaçado, sem certeza alguma!
Talvez eu queira ter incerteza
Talvez eu queria continuar
Esperando os passos
Se metalizar....
Talvez eu queira
Ser um pouco morto...
Talvez eu goste apenas dos passos
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outro poema
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Engano achar que o poeta
Fala de si, o poeta
Fala do mundo que lhe
Atravessa todos dias...
O poeta é todo cortado
Fatiado de tanto a vida
Lhe atravessar as vísceras...
Ele só escreve sobre
Esses cortes...
As vezes ensina como
Não ser cortado
Ou aguentar a dor
De ser cortado...
E ele precisa falar...
Saber em que ponto
Foi cortado, porque
Doeu. Que espécie
De contração violenta
Foi obrigado a fazer
Por desconhecer
Aquele ataque...
O poeta fala
Escreve...
O poeta
Não vive
A vida,
Vive sua reconstrução
Pois o poeta
Não sabe se defender...
Ele apenas recria
O que lhe foi retirado
Sabe lá Deus, porque