o corte

Passou?

Não sei...

Parece que não

Pois o barulho das pegadas

Ainda são os mesmos!

Como já sei, não tomo susto!

Já posso imaginar que não

Passa de pegadas trincadas no ar...

E não corro mais naquele busca

Louca de amor...

Talvez eu não queira que

Passe,

Talvez goste

Desses passos que ameaça,

Mas não chega!

E que deixa meu desejo

Despedaçado, sem certeza alguma!

Talvez eu queira ter incerteza

Talvez eu queria continuar

Esperando os passos

Se metalizar....

Talvez eu queira

Ser um pouco morto...

Talvez eu goste apenas dos passos

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outro poema

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Engano achar que o poeta

Fala de si, o poeta

Fala do mundo que lhe

Atravessa todos dias...

O poeta é todo cortado

Fatiado de tanto a vida

Lhe atravessar as vísceras...

Ele só escreve sobre

Esses cortes...

As vezes ensina como

Não ser cortado

Ou aguentar a dor

De ser cortado...

E ele precisa falar...

Saber em que ponto

Foi cortado, porque

Doeu. Que espécie

De contração violenta

Foi obrigado a fazer

Por desconhecer

Aquele ataque...

O poeta fala

Escreve...

O poeta

Não vive

A vida,

Vive sua reconstrução

Pois o poeta

Não sabe se defender...

Ele apenas recria

O que lhe foi retirado

Sabe lá Deus, porque

Alex Ferraz Silva
Enviado por Alex Ferraz Silva em 08/06/2012
Reeditado em 08/06/2012
Código do texto: T3712742