Carta ao BEL
Querido, Bel!
Que a vida é breve,
Isso você já soube...
Que os tempos são
Curtos, e que quase
Nada da certo...
Essa experiência
Também deve lhe
Ser clara...
Que o amor é raro
E que muitas vezes
O encontramos e
Jogamos fora,
Por alguma cegueira
Ou imbecilidade...
Sei que sabe
De tudo isso que te digo, Bel.
Me Perdoe, por
Ter faltado ao seu
Enterro. Juro
Que não foi por mal.
Estava muito frio
E meu capote
Estava molhado...
E cemitérios
São sempre muito
Gelados...
Não gosto de cemitérios
Gosto muito do lugar
Dos vivos, lembra
Do futebo, dos namoros
Na praça, das corridas
De canoa? Pois é disso
Que gosto. Apesar de aceitar
Que toda viagem tem seu fim...
Juro que não fiquei
Chateado com sua morte
Apesar de inesperada.
Creio que cada um
Faz o que quer de sua
Vida...só esperava
Que antes disso
Me tivesse me pedido
Desculpas...
É feio, Bel, pegar
Mulher dos amigos...
Mas o que está feito
Está feito. Nada
Vai mudar o que já
Aconteceu...culpa
Nos nega um pouco
Mas não nega o que
Houve...
Qualquer dia
Te farei uma visita.
Te levarei flores
E quem sabe
Faço uma oração,
Não prometo, pois
Não sei rezar,
Sem apenas escrever
Versos.
Quanto a nossa
Amizade creio
Que acabou, devido
A nossa situação.
Com você morto,
Acho complicado
Manter a proximidade...
Um grande abraço, meu amigo!
Espero não te ver tão cedo...