Caminho das Trevas
Vaguei em tantas noites escuras
Perdendo-me entre becos, atalhos, breus...
As lições da noite são tão duras,
Despertaram todos os meus 'eus',
E todas tão completamente noturnas,
Todas na verdade são uma,
Tornando cegos os olhos meus.
No vale de sombra e morte fui concebida,
Meus pés enveredavam nas estradas da escuridão,
Por tantas vezes desgarrei-me, vi-me perdida,
Por tantas vezes isolei-me abraçando a solidão,
Caminhando constantemente em descida,
Tropeçando e gemendo as feridas,
Do decepcionado coração.
Na floresta de árvores inférteis e secas,
Sob as névoas frias e tão densas,
Deparei-me com um charco onde vi refletida minhas facetas,
Distorcendo-se no lamaçal de minhas crenças,
Todas em mim são tão completas
Também permanecem tão incertas:
Morte, Vida, liberdade e sentenças.
Sem brilho próprio, a luz da Lua é a única luz que me vem,
Transformando a realidade em sombras - tão assustadora distorção -
Somente eu, a Lua, as sombras e mais ninguém,
Tateando com passos e mãos tocando o vácuo espaço da escuridão,
Pois no escuro se nada se vê, nada tem,
Além do medo e da incerteza que te sobrevem,
Afogando a alma casada em aflição.
Perde-se na multidão a negra alma, de branco disfarçada,
Tão farta das mentiras usadas como motivação,
Não influenciam e nem convencem a ovelha desrraigada,
É preciso seguir, portanto probido mudar a direção,
Enquanto no mundo é apenas mais uma alma encarcerada,
Sabendo que dele jamais levará nada,
Pois abaixo de tudo, aqui é o Inferno e o resto... Ilusão!
Caminho das Trevas de Shimada Coelho é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.