a casa
A casa mora
Dentro
Da gente...
Como uma família
mora numa casa,
apertada um no outro
como se outro fosse
outra casa...
como se outro
fosse uma morada
entristecida e apertada...
Dentro
Da gente mora
A casa
Com seus quartos
Suas sombras
Suas mentiras
E suas paredes
enfumaçadas!
Dentro da casa
mora o vazio
um cheio
dolorido, de corpo brabo
de corpo morto
rasgado,
desamparado...
Dentro da casa
mora uma casa
Sem casa,
e os olhos,
como janelas
olha a rua fria
que passa na sala
que passa no quarto
que passa no coração
cheio de quartos escuros
e passa e passa de novo
na mesma paisagem,
que não morre
que não desiste
que mesmo fria
é mantida, apesar
da da janela revela
a todo tempo,
uma rua de cimento
e um sol de hortelã...
Do coração,
O poro tonto
e morto, que não
cai, como se cai
o fruto que amadurece
como se cai a água
do céu..
como se cai o bêbado..
Não cai...
E suas folhas
de cansaço..
Ajeita
no rosto,
na pele, nos cabelos
e na preguiça de sair
da cidade,
de sair do quarto
Da cozinha,
da parede descascada