a casa

A casa mora

Dentro

Da gente...

Como uma família

mora numa casa,

apertada um no outro

como se outro fosse

outra casa...

como se outro

fosse uma morada

entristecida e apertada...

Dentro

Da gente mora

A casa

Com seus quartos

Suas sombras

Suas mentiras

E suas paredes

enfumaçadas!

Dentro da casa

mora o vazio

um cheio

dolorido, de corpo brabo

de corpo morto

rasgado,

desamparado...

Dentro da casa

mora uma casa

Sem casa,

e os olhos,

como janelas

olha a rua fria

que passa na sala

que passa no quarto

que passa no coração

cheio de quartos escuros

e passa e passa de novo

na mesma paisagem,

que não morre

que não desiste

que mesmo fria

é mantida, apesar

da da janela revela

a todo tempo,

uma rua de cimento

e um sol de hortelã...

Do coração,

O poro tonto

e morto, que não

cai, como se cai

o fruto que amadurece

como se cai a água

do céu..

como se cai o bêbado..

Não cai...

E suas folhas

de cansaço..

Ajeita

no rosto,

na pele, nos cabelos

e na preguiça de sair

da cidade,

de sair do quarto

Da cozinha,

da parede descascada

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 07/06/2012
Código do texto: T3711461