Gaius Valerius Catullus




Precisa-se de estrelas e massas críticas,
precisa-se de tudo de volta, já falecido.
Precisa-se da recordação da verdade,
já enterrada na forma de deuses gastos.
Diz-se o mais profundo e aterrador,
na água que corre e no umbral,
pois uma leva pra longe das vistas,
e o outro estará sempre lá, por ser,
mesmo não sendo perfeito, a saída.
Mais tola e efêmera é a cópia,
por isso cerrei meus olhos eternamente,
até que possam, por um deslumbre terrível,
enxergar novamente o inventado,
muito maior que aquilo de divino que se insinuou
na criação desse mundo sem surpresas.

Sobre a castidade da frase, tomo-a por certa.
Pois é só um veneno em um frasco escuro,
inerte, impaciente, pode-se dizer morto,
pronto a estilhaçar a alma ingênua dos homens
que nunca souberam também esquecer os olhos.




EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 07/06/2012
Reeditado em 07/06/2012
Código do texto: T3710956
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