Os Ácidos do Meu Jardim

Eu sóbrio entre sombras

Embriagando-me em luzes

Satisfazendo os sentidos adormecidos

Desnudo em águas turbulentas

Palavras sóbrias eu esqueci

Deixei-as guardadas já não sei aonde

Seguindo entorpecido... Gritando o vazio

Em vocábulos de minha insensatez

Sobriedade e embriaguez poéticas

Misturando-se em céus lilases

Em cadinhos de estrelas cadentes

Burilados pelos artesãos dos versos...

...Versos entorpecentes e esotéricos,

tirados de uma planta alucinógena;

ou de um ritual ameno de outono...

Onde me encontrei com a grande lua.

Entre as sombras vivo sóbrio

Embriagando-me de luzes

Entorpecendo-me de você

Amando-te mesmo em distância

E as rimas eu deixei nos meus jardins

Em frascos de ácido lisérgico

Libertei os devaneios

E compus em vozes mudas

Todos os gemidos do amanhecer

E as páginas secretas

Revelaram-se intactas

O amor e o deleite

Reservei-os somente a ti

Junto às pétalas do meu ser em flor

E perpetuou-se o desejo

A Flor Violeta cedeu

E o Girassol... Sorriu;

e amou, e brilhou, e viveu,

os dóceis afagos desse amor.