CANTO 15
Um dia, contemplei o brilho dos teus olhos que
refletiam, na força da tua juventude, o cintilar das
estrelas, e te amei perdidamente.
Eras então frágil criança, doce e fiel , submissa a
minha vontade.
Depois, corrompida pelas distorções da tua per-
sonalidade, que refletia nas tuas atitudes o mau ca-
ráter e a fragilidade dos teus princípios morais, res-
valaste para o córrego lamacento da infidelidade,
ouvindo-se de boca em boca teu nome na enxurrada
dos comentários ignóbeis e desmoralizantes.
Não imaginas o quanto sofri calado, suportando
a situação insustentável, porque imaginava que ain-
da te sobrasse um pouco de dignidade.
Hoje ao cair da tarde da minha vida, com a visão
obinubilada pelos anos vividos em decepções e de-
senganos, de sofrimentos e desilusões, avalio o tem-
po perdido, vivido ao teu lado, em constante amar-
gura, angustia e solidão.
Santa Luz, 25.05.99