Vinhos do Deserto

Nesse deserto escasso de abraços

Busco desintegrar os átomos de luz

Em miragens de velhos oásis e cachoeiras

Falta-me você nessa noite ensolarada

Nesse deserto escasso de estrelas

Onde as noites esconderam-se em sóis

Busco entender aonde foram os polos

Mas sua falta me deixa desorientado

Nesse deserto de noites lúgubres

Bebo os planetas em brindes alienígenas

Bebo o sol escasso de piedade

Bebo de todos os licores e vinhos

E o gosto é o dos seus lábios

Nesse deserto inacabado

Onde crescem uvas Dionisíacas

Onde enchi a taça de segredos

Onde bebeu Dante em sua odisseia

Beberemos os vinhos desse deserto

E segredaremos aos silfos

As vozes do vento

Os espasmos dos elementos

Todos os dias dessa noite inacabada

Todos os amores distantes em saudades

Eu e você em um deleite matinal

Eu e você misturando nossos gostos

Nos vinhos envelhecidos dos nossos beijos

Nesse deserto escasso de abraços e de estrelas