RECONCILIAÇÃO

Tem dias em que preciso
sair à procura de minha alma
vadia. Louca, pensa que voa,
divorciada de meu corpo.

Um pequeno descuido
e lá se vai ela aninhar-se
em braços de amores antigos,
percorrer sonhos mal acabados,
flertar com anjos
que se perderam no tempo.

Reconsidero desesperanças
na busca de um indício qualquer:
por onde andará minha alma hoje?

Retrocedo idades,
repenso magias,
lastimo abandonos.

Como sobreviverei sem minha alma,
filha pródiga e ingrata?
Ainda que me doam as tuas dores,
te suporto!
Tantos anos viajamos juntos,
sou tão vadio quanto és.

A taça de vinho é a mesma desculpa
que dividimos.
Amanhã, quem sabe, já de volta,
ressones calma o sono do meu corpo,
um pouco menos vadio
por te reencontrar.
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 06/06/2012
Reeditado em 27/07/2014
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