o poeta só sabe fazer versos

Meus versos não falam

De nada.

Eles são apenas expressões.

Tentativas

De dizer...

Com sorte,

Toco a realidade, toco apenas

Com sorte...

Pois tenho medo,

As palavras não vale nada diante do medo

Diante dos tabus que compõe a vida

Porque é obscuro o mundo dos desejos

E poucos querem saber o que acontece

No subsolo da esperança...

Até a mesmo a poesia

balança quando o paraíso

Não é percebido...

Eu achava antes que a vida

Tinha tudo que precisava..

Depois fui crescendo

E precisei fabricar templos

E igrejas,

Porque as que me tinham

Era por demais obscuras

E assombradas...

E eu tenho medo de assombração

Nem sempre dá pra se dizer...

O infinito é uma moça

Muito metida, rebelde

Rodeada de rapazes

E lambida de paparicos...

Nem sempre dá pra conversar com ela...

Porque não se pode dizer...

Já que as palavras tem limites,

E ela não aprendeu ainda a falar...

Minha coragem é pouca

Tem gente que fala

E nem percebe...

Eu quero falar

E A poesia se esvai, não aceita

Minha valentia...

Minha presunção!

Combinando algumas palavras

Quebro um pouco esse medo

De não saber falar muito

De não poder falar muito

Dessa terra dos poeta....

O abismo é profundo

O escuro me chama

Tenho medo de cair

De não poder voltar

De não conseguir

Um verso que me salve...

Um verso que me traga de volta

Quando o poeta mergulha

Ele só volta se construir um verso...

E tenho medo das palavras me faltar

Do verso me faltar...

As vezes crio coisas longas,

Pra falar um nadinha...

Porque acima de tudo

Quero voltar,

Quero dizer o que vi

No reino da poesia...

Porque o mundo não é

Está sendo...o tempo

Todo voando

Em direção a infinito qualquer

e só poesia

Pode lhe acompanhar...

Porque as suas entranhas

Não conhece a linguagem

Outra linguagem

O poeta não traz nada...

Somente versos....

Alex Ferraz Silva
Enviado por Alex Ferraz Silva em 06/06/2012
Reeditado em 06/06/2012
Código do texto: T3709046