MARIA DA LUZ
pelas vielas e becos
eu andei nesta terra, altas horas.
pelos dias,
buscando tua vida,
eu fui,
desprendida.
como a sombra que me acompanha
dentro da noite,
sou maria,
madalena,
maria mulher.
maria da luz
eu fui,
e sou,
enquanto mito,
enquanto sombra,
que te procura ainda
e te encontra,
à beira da estrada,
sentado na rua;
trôpego nos passos
que te desconcertam
e afogam em tua garganta
um grito de liberdade.
pelo clamor destes teus filhos
que cobram,
na inconsistência do leito,
o desafeto perdido;
pelos que na ânsia irresponsável
te perseguem obstinadamente.
sou maria.
maria da luz,
maria mulher
serei.
enquanto este grito
não te libertar
deste estupro
de vida despreparada.