"LIMPEZA"
Não, não, basta! Hoje aliviarei o peso de meu ombro,
Farei qual cavalo bravo, chacoalharei com força o lombo,
E os cavaleiros indesejados cairam todos – que tombo!
De forma alguma! Não aceito mais alimentar parasitas!
Quem ou o que me fere: cai fora! Não quero nem visitas!
Seres que se alimentam da minha dor – qual sanguessuga,
Tudo e todos que me entristecem, que me causam rugas,
Quem ou o que me quer pessimista, que me envelhece,
De um a um arrancarei de minha vida já – desce, desce,...
Esses famélicos da desgraça alheia que sobem na minha cruz,
Pelo prazer de me ver arquejar sob um peso que não me impus,
Desfarei desse fardo do meu ombro: Pedirei ajuda a Jesus!
Aquele ou aquilo que, com a sombra negra da maldade,
Tenta encobrir a luz do meu sorriso - os inimigos da felicidade
Própria e alheia, abandoná-los-ei todos – não deixarão saudade!
Os de humor negro, os pândegos, que riem do que é sério,
Para quem a vida é só um parque de diversão – o fútil, o hilário,
Incapazes de entender uma reflexão ante a vida – quanto mistério!
Serão, no meu passado, enterrados com seus corpos pesados,
Alívio! Diminuirei, do meu ombro, o peso dos fardos, já pesados!
Varrerei de o meu caminho todo ser mesquinho – serão esquecidos!
Os de coração endurecidos, os que não se emocionam ante o belo:
Das artes, da Natureza, da humana beleza - arrebentarei todo elo;
O materialista, o que crê só no que vê a vista – não vou mais ouvi-lo!
Tornar-me-ei perfeito? Não, não! Tenho defeitos, neles - darei jeito,
Ou melhor, aprenderei com a vida, suas sábias lições! Quem é perfeito?
Carregarei somente o peso da minha cruz, o que não é meu – rejeito!