Menina viga
Desce a rua oitenta anos
Suportados em pernas finas.
Os dedinhos espalhados
Perto do chinelo; anda
Bem, como se a idade
Fosse uma viga de cimento
Na cabeça, uma bacia:
A roupa suja do Coronel
Otacílio Fernandes...um homem
De um bom dinheiro!
E Logo um pouco
Abaixo da bacia, a
Cabeça na roudilha de
Dona Railda, com
O tempo encrustado
Na pele, nas mãos
E no brilho dos olhinhos negros!
Não se sabe uma senhora
Não se sabe uma lavadeira
Não se sabe uma mulher
Que levou cem mil crianças
A ser homem...
Sabe-se uma menina brincando
De equilibrar na vida...