Menina viga

Desce a rua oitenta anos

Suportados em pernas finas.

Os dedinhos espalhados

Perto do chinelo; anda

Bem, como se a idade

Fosse uma viga de cimento

Na cabeça, uma bacia:

A roupa suja do Coronel

Otacílio Fernandes...um homem

De um bom dinheiro!

E Logo um pouco

Abaixo da bacia, a

Cabeça na roudilha de

Dona Railda, com

O tempo encrustado

Na pele, nas mãos

E no brilho dos olhinhos negros!

Não se sabe uma senhora

Não se sabe uma lavadeira

Não se sabe uma mulher

Que levou cem mil crianças

A ser homem...

Sabe-se uma menina brincando

De equilibrar na vida...

Alex Ferraz Silva
Enviado por Alex Ferraz Silva em 05/06/2012
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