Luar de Bauru

É prece branquejada de harmonia

descendo à nevoenta calmaria,

sedentas madrugadas luminosas;

invoque o desertado do teu manto,

oh flautas estelares, beba o pranto

valsado nas essências lacrimosas...

Ser festa do azulado liquefeito,

banhando nebulosas ante o leito

suave sobre o som sempre sutil.

Dossel primaveril e do infinito,

avance pelo espaço, plante o grito

de ser a majestade do Brasil.

Teu flerte traz mirífica paisagem

cerúlea, e olímpica visagem

tramada nas abóbadas serenas.

E espalha por Bauru ramos astrais

imersa nos vapores tropicais,

e o samba a luzir emoções plenas.

É o choro seresteiro da viola

na fibra deste céu-carvão evola

a prata do luar nas avenidas.

Beijando o mistério que pertence

à noite musical do bauruense

que abraça o cintilar de tantas vidas.