MATERIA PRIMA

Eu vi a sombra em teu sorriso

Uma macula estranha e discreta

Garoto o que é que você acha que sabe?

Não vi verdades no teu olhar

E é a piedade de estranhos que buscas?

Vi você no bar buscando a felicidade a cada copo

Esta não é uma opção

Lamentável que não saibas

Deixei de acreditar nos teus planos

Senti vindo de ti um pesado e infecto aroma de perda

É fracasso o que vejo marcado em tuas pegadas

Ninguém espera nada seu La na cidade

Hoje a noite é dos ébrios

Dos perdidos e promíscuos

Quem Le ensinou que vinho barato e risadas insanas podem curar magoas?

Quem mentiu pra você assim?

Tão triste que creias nestas coisas

Da pra ver no teu semblante a ânsia que tens de acreditar em algo

Você quer ser enganado...

Você implora por isto...

Cuidado com o que deseja garoto

Às vezes quando queres muito alguma coisa...

Bem você pode conseguir

E então o que vira depois?

Desculpas e lamentos...

Queixas e resmungos...

Toda uma longa coleção de perdas

Mazela é o que você ganha

Vejo você gritando seu pranto sentido pro mundo

Urrando doloroso pra esta cidade sem alma

Eles não vão ouvilo

Ninguém te ouve

Você acha que todos te devem alguma coisa

Mas ninguém te deve nada

O que a cidade faz garoto é juntar teus ossos nas calçadas

Depois de ter tirado tudo de bom que você tiver

O mundo é uma maquina produtora de tragédias

E você não a opera nem controla

Você aqui não é líder...

Não é rei...

Que droga menino diante desta maquina não és nem mesmo operário

O que você é?

Matéria prima.