POUCO
De tanta mentira e pouca verdade
De falsa valentia com ato covarde
Iniciando o cronometro quando já é tarde
Maquiando de alegria a própria maldade
Já farto de tanto esconder
De saco cheio de tanto escrever
Nada criar, nada fazer
Vendo ser o seu ceifador
O que deveria ser prazer
A rádio agora vomita
Aquela banalidade maldita
A mente força e até evita
Fala o que pensa, mas não acredita
Olha pro lado procurando futuro
Vê um nada estranho
Vazio protegido por muro
Nada sem tamanho
Um vazio maduro
A rádio agora toca o que se gosta
Mas a letra agora nada fala
A poesia é uma bosta
Penso: Banheiro, quarto ou sala?
É mais uma conversa com o papel
A cabeça é o inferno
A caneta é o céu
Mesmo combinando um fino terno
Com um belo chapéu
É hora de mais nada fazer
É hora de se entregar
Entregar-se ao farmacosono
Sem nada entender
Mais amanhã é um novo dia
O mesmo vai acontecer
Posso não ter esperança
Mas não vou conceber
Tanta baboseira
Vou pro inferno? Vá se fuder.