Onde?
Onde aportar meus ossos,
Sem cair nas teias do medo?
Aplacar essa angústia,esse degredo
Que moram em mim?
Onde abrigar esses meus eus tantos,
Que trazem dor,desencantos,
Tanta desilusão?
Onde esconder-me?
Nas horas graves da vida
Onde vestem-me roupas supérfluas
E o coração clama,onde ir?
E eu não sei! Haverá um lugar?
Como fugir do abismo que me habita
Da dor que corta-me a cerne
Da terra que me faz verme
E da minha insignificância?
Como esconder a humilhação
A dor do coração,essa mendicância
De amor? Ah vida! Quisera eu poder,
Encontrar um canto do mundo...
Mergulhar no abismo profundo
Voltar ao gênese
Desenrolar o nó
Ser átomo do giz,voltar ao pó.
Tiro de mim os assombros
Estou sob escombros
E em meus ombros, o peso da vida.
Essa dor desmedida de ser...
Onde achar um porto,
Uma taça de vinho,
Um abrigo-ninho,
Para deitar meu sonho adormecido?
Responde-me, oh vida!