Pensando em ti
Amador Filho.
Ontem à noite fiquei a pensar!
Sem compreender o fatal motivo,
Que como agouro ou fúnebre aviso,
De vez em quando vinha me incomodar.
Pensando em ti, confesso, tive medo.
E conjeturando fui, tranqüilo a gosto,
Com a cabeça num macio encosto,
Sem compreender este terrível degredo.
E a noite passou sem mais loucuras,
E eu sozinho, a mendigar ternuras,
Pensando em ti, sempre a cismar.
Se não me quiserdes, como ti quero tanto,
Sei que do olhar, há de rolar o meu pranto,
Como protesto a quem não me quer amar!
Santa Luz Verão de 1976