Vertebrada
Abate-me o cansaço profundo
não sei se meus olhos choram
ou apenas lacrimejam
não sei se meu peito reclama
sinto o ar rarefeito
eu prendo dentro de mim
as queixas
mas dói-me as costas
dói-me os sonhos
dói-me esse maldito estômago
e as ânsia me faz vomitar
tomo outra capsula e não durmo
dentro de mim sujeira
cigarro, pó...besteira
Dói-me tudo desde o queixo
A alma é crua e me solta a obturação
do incisivo e já não rio, disfarço
o que falta além do riso.
Até hoje à tarde era festa, presente
era ardente a emoção a comoção latente
dos meus dias mais bonitos
agora é só névoa densa
é só friagem, dói-me como cólicas
agudas, a nuca, o ventre , os peitos
e eu sou apenas uma coisa triste
em carne e ossos doloridos.
Cristhina Rangel.