EU E O TEMPO
O Tempo é um cinzel nas mãos da escultora Vida,
entalha o meu ser e o meu corpo sem dó,
transformando-me segundo a segundo
no que simplesmente serei...
O Tempo que é bendito e maudito,
ferindo-me mansamente e me causando medo,
leva-me ao fascínio e às incertezas em
relação ao que creio que sou...
O Tempo me faz eterno noviço me envelhecendo
numa experiência infinita do novo que se
renova na aprendizagem eterna.
O Tempo me embalou com tamanha sutileza,
não permitindo que eu me visse nascer como também me ver
crescer e assim, creio que não me verei morrer...
Ao aferir meu ser, vi o Tempo “simbiotizar”
o "meu eu" num "outro" que hoje existo,
sem variar o que sou.
O Tempo é o carrasco que decapita o
"Peter Pan" ainda sobrevivente em mim,
impulsionando-me a “dar a volta ao mundo,
em oitenta dias” e ao retornar, rubricar o meu diário de bordo,
com o pseudônimo de “Velho do Mar”.
O Tempo passou... não consigo me livrar desse coração
de garoto, mas já sou um Homem há muito Tempo.
Maio de 2012