O Poeta e o Monstro
O poeta tem hábitos noturnos,
rabisca papel, quieto como um roedor,
é um fantasma que uiva frio na solidão,
é a insônia, a lua, é um suave predador.
O poeta tem pacto com os arrepios,
tem contrato também com as lágrimas,
abraça deprimido e liberta eufórico,
é luto e orgasmo, filosofia e pleonasmo.
O poeta tem escrito a conduta da alma,
tem a liquidez dos sonhos, a solidez do olhar,
tem palavras extintas na boca calada,
é um monstro perdido, nascido para amar.