O Limbo dos Deuses

Em labirintos de minotauros desfalecidos

Eu jogo damas com o rei de um baralho

E furto as rédeas de um cavalo alvoroçado

Para gritar em vento ao rosto a aventura

Em montes híbridos de plantas comestíveis

Eu me disfarço em terremoto e compro remos

Que levarei como presente até Caronte

Para passear em sua barca no rio da morte

E reconheço à porta o cão de três cabeças

Cérbero em brasas rosnando pelo seu osso

Encantos fúnebres e cantos para Hades

Que solitário é o guardião do calabouço

Mitologias distorcidas pelos tempos

O grande Zéfiro abandonou os ventos

E a Medusa que pavorosa pela beleza

Petrificou-se no espelho da natureza

São tantas arcas de Noé que hoje navegam

Levando estórias em continentes esquecidos

E na cratera do vulcão... Porta do Tártaro

Cronos e os tempos tão cruéis são derretidos

Eu vejo tudo bebericando junto a Baco

Em salões nobres fantasiados aqui no Olimpo

Olhando os Deuses se vestindo de farrapos

Virando escravos de seus medos nesse limbo