Hoje eu sou.
Palavras moldadas em argila
Quebrável,perecível
Sou papel voando ao vento
E agregando à minha descorada face as sujidades do ar.
Hoje eu sou parte dos sonhos natimortos de ontem
Sou espelho que reflete a sombra do sentir
A rede rasgada do teu dia,quando rompia a aurora
Sou hoje exatamente agora os sonhos irrealizáveis de outrora.
Os sonhos que sonhamos eu e tu,
E vimos morrer nas águas de um profundo poço
Quando se fazia em sangue e lágrimas
Os rascunhos de toda história,da vida esboço.
Da vida minha e tua,quando a trama e o tecer misturaram-se
Naquela curva onde nos encontramos,e seguimos
Observando estrelas da noite e encarando a paixão-açoite
Aquela que nos arrebatou,nos surrou escravizando a mim e a ti.
Hoje eu sou a dor que a tua ausência traz,
Sou uma folha de livro em branco
Onde caíram todas as palavras e frases
Sou a vaga lembrança de um amor que ainda não morreu.