Música
É a música que ouço agora que me leva leve e me eleva
Como se fosse um pássaro a içar seu vôo
No céu azul quase violeta de um setembro remoto
Ela termina e eu a faço recomeçar inúmeras vezes
Busco nela o contexto exato do que sinto
No exato momento em que me inspiro
Entendo que são tres instrumentos que a toca
Um a boca sopra (especial pra mim)
O outro as mãos comprime (ventania sonora)
O terceiro é algo que percute, mas não o reconheço
Ela é tão doce e sublime....
E os tres em comunhão se fundem e se conciliam
Numa trindade singular, numa trilogia de gigantes
Seus acordes me chegam aos ouvidos
E dão asas a minha imaginação
Sigo num trem que desliza em trilhos
Que cortam planícies onde o verde é o tom maior
Logo adiante um rio paralelo nos segue em companhia
Em meu vagão a memória vaga
Me remetendo à um tempo distante
Onde as casas tinham seus muros baixos
E os portões sem tranca te convidavam a entrar
Através das janelas descerradas, bem lá no fundo
Um cheirinho de milho a cozer....
São lembranças e sensações
Para as quais essa música me conduz
Ao mesmo tempo em que ela me penaliza
Com lembranças e sensações que não posso mais viver
Ela me contenta
Por poder lembrar e sentir tudo que eu ja pude habitar um dia
Gratidão música
Depois de todas as pessoas
Que guardo em meu coração
É a ti que amo mais.....