de vez em quando

De vez em quando

A vida anda...

De vez em quando

Eu tenho amor...

De vez em quando

Mariana me chama

E beija minha boca..

E some de novo

No profundo do mundo

De vez em quando

Eu reclamo e não

Quero mais amar

Quero apenas

Ler poesia,

Andar pela vida assim,

Desamparado mesmo

Vendo tudo que há.

Outras vezes, quando

A solidão beira

A loucura, lembro

De Mariana, da sua

Boca de carne vermelha

De sua cara bonita de dar

Nojo , e corro

De volta ao mundo

Dos vivos.

E peço: Meu Deus,

O que eu fiz pra

Merecer esse vazio.

Esse cinza que mata!

Meus Deus, quero

Amar!

Me recomponho,

Envergonhado!

Xingo Mariana,

Que não presta, que só pensa

Em homem e em dinheiro,

Falo mesmo, dinheiro,

Que não me merece

Volto forte! E de novo:

Ponho Mariana no seu lugar!

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Eu acordava muito cedo

Quando criança

E eu esperava meus pais

Acordarem...

Acontecia de nesse tempinho de

Eu descobrir

Uma vida ás avessas...

Outras camadas de solidão

E ternura...

Andava de quarto em quarto

Festejava o quintal que era

Pequeno e de cimento...

A tarde eu via de novo

Que havia movimento na casa...

O sono de minha mãe

Era feito de um material

Muito raro!

Eu cantava um canção de acordar

Quando já havia vida demais

Fora da janela da sala!

Dava fome ficar sozinho.