A LOUCA QUE HABITA MEU CORPO
A louca que habita meu corpo
Chama-me de hora em hora
Pergunta-me: "Quando é senhora que voltarás a razão?"
Embora muito polida, recatada, mas sempre aflita
Exige uma retratação
Pois no cerne foi ferida
Sua vida foi tolhida
Habita a escuridão
De um mundo de desvario
Nas águas de um longo rio
Que se chama solidão
Onde pensamentos sombrios
Nas noites de arrepios
Navegam num vai-vem
No clamor dos desvalidos
Nos gritos dos esquecidos
Que já não se querem bem
Respondo: "Pobre coitada, fica bem quieta, calada,
Espera que um dia do nada, voltarei ao meu lugar."
Neste dia te prometo
Que aquele que te feriu o peito
Certamente irá pagar.