Desapego
O céu é suspenso por mãos divinas,
ninguém o toca nem o segura.
E eu finjo alcançá-lo nas imaginações minhas,
atravessando as nuvens presas nas alturas.
Perder-me lá em cima já é coisa minha,
coisa íntima.
E fugir de mim é a liberdade sem culpa,
é livrar-me da sina assassina,
e da rotina absurda!
Também queria não me achar mais nestes versos
pra me procurar em mundos de longe e paralelos,
pra viajar em nuvens e ventos contrários aos daqui
e poder finalmente descansar no meu universo inverso,
que sobre desapegos, construí.
Porque, onde mais eu me perderia se a realidade me vence?
O céu não é propriedade do homem
e nem esse chão que me pertence
Por isso, preciso ir. Pra onde? Tanto faz...
Mas preciso sair deste lugar que me suga.
Pode até chamar de loucura,
só não me chame, não volto mais.