Sina

Sina

maria da graça almeida

A poesia é minha sina,

traço que me desatina.

Interrompe-me a rotina,

com a vinda repentina.

Sem o dom da disciplina,

mesmo frágil me domina.

A poesia é meu pecado,

meu despudor e desacato.

É veste sem o recato,

que tem a roupa de cima.

É a face no retrato

preso com saudade e imã.

A poesia que me vem cedo,

se extensa me põe medo.

Quando conto seus segredos,

nem os confiro nos dedos.

Minha poesia me entontece.

Absorve-me. E desaparece..