Tango Tridimensional (Reedição)

No fundo o que há de certo,
é a náusea, a perplexidade e a solidão.

Em resumo, o que se pode fazer,
é interpretar essa dança que prossegue,
a despeito de minhas frustradas tentativas,
de instaurar o silêncio.
O ar é carregado de fumo, e chumbo,
enquanto prepara-se a bebida vermelha.
E no centro, indiferente,
segue o casal de corpos iguais,
numa dança que de tão indecifrável,
preferi não retratar.

É tudo maldade e desejo escondido,
quando o olhar de um cruza as pernas do outro,
e a circulação se torna mais delirante,
até que  o acordeon encerra o tango,
e já não resta nada a não ser frangalhos
de corpos que se exercitaram caoticamente,
e que se sentem felizes por serem tão sujos.

Eu sou um insulto e uma solução.
O corpo que estava alí era o meu,
e do ponto mais obscuro, de um canto do salão,
ainda decido se continuo ou se morro.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 31/05/2012
Código do texto: T3697862
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