Lembrando alguém
. Amador Filho.
Eu sinto n’alma o caos da solidão.
Vivo chorando num soluço sem ideais,
Lembrando o encanto de um sonho já desfeito,
De um lindo sonho que não volta nunca mais.
Sinto meu corpo envelhecido e fraco,
Resultado fatal das lutas que travei,
Com as mulheres, seres tão fingidos,
Seres fingidos, em quem tanto confiei.
No sacrário bendito das minhas lembranças,
Onde deposito com fervor as esperanças,
Do meu infeliz e desgraçado coração,
Um nome mil vezes foi escrito,
Gravado ao pulsar ansioso e aflito,
Do meu ser, sem carinho, sem afeição!
Santa Luz, 02.09.65