monstros em mim
não cultivo mais em mim
os monstros ferozes
que me haviam
que andavam no meu sono
nas madrugadas
passeavam nos meus sonhos
nas encruzilhadas
e nas noites escuras sem fim
que sorrateiramente me invadiam
algozes
me devoravam
sem pena
bastava uma manhã de sol
uma tarde chuvosa
uma noite de lua
uma cama vazia
um poema
não cultivo mais em mim
a pose de heroi
de tantas lutas em vão
com inimigos ocultos
abstratos
lembranças fieis
cartas
bilhetes
aneis
fotografias
e tantos e tantos outros fatos
não quero mais
ser saudade
abandono
solidão
de tanto que eu fui
até hoje me doi
não cultivo mais em mim
antigos artificios
emoções fortes
jogos de azar
jogos de morte
pensamentos estranhos
que me jogavam de edificios
que me enlouqueciam aos poucos
que me faziam sucumbir por dentro
eu não
faz tempo
faz muito tempo
que eu não sou mais assim
não tenho mais esses monstros
habitando em mim