monstros em mim

não cultivo mais em mim

os monstros ferozes

que me haviam

que andavam no meu sono

nas madrugadas

passeavam nos meus sonhos

nas encruzilhadas

e nas noites escuras sem fim

que sorrateiramente me invadiam

algozes

me devoravam

sem pena

bastava uma manhã de sol

uma tarde chuvosa

uma noite de lua

uma cama vazia

um poema

não cultivo mais em mim

a pose de heroi

de tantas lutas em vão

com inimigos ocultos

abstratos

lembranças fieis

cartas

bilhetes

aneis

fotografias

e tantos e tantos outros fatos

não quero mais

ser saudade

abandono

solidão

de tanto que eu fui

até hoje me doi

não cultivo mais em mim

antigos artificios

emoções fortes

jogos de azar

jogos de morte

pensamentos estranhos

que me jogavam de edificios

que me enlouqueciam aos poucos

que me faziam sucumbir por dentro

eu não

faz tempo

faz muito tempo

que eu não sou mais assim

não tenho mais esses monstros

habitando em mim

jose luis lacerda
Enviado por jose luis lacerda em 30/05/2012
Reeditado em 31/05/2012
Código do texto: T3696440