Asas de Cera

N’um sentido de feitiço ensandecido

Degolado em enclaves e veredictos

Decretados pelas leis da natureza

Segue a vida em relevo e infinito

Bestas gastas entre flechas de cupido

Derretidas em fornalhas e estrelas

Forjas toscas de primórdios esquecidos

Entre a vontade e os sonhos reprimidos

Encruzilhadas sem um lume de cegueiras

Emanações e sorrisos por entre os cedros

São minhas dúvidas entre gládios e soldados

Que foram pássaros matinais filhos de Dédalo

E as ideias desgastando as penas-ceras

Dentro de um sol irritadiço, olhar de Ícaro

Que chora as penas infringidas, jogado a Creta

Servindo aos devaneios do carcereiro e do asceta

N’um delírio de feitiço ensandecido

Depenando asas fadigadas sob a luz

Decretos ditos aos que vieram sem pensar

Experiência inadequada de voar

N’um delírio insensato de Ícaro

Transmutando desejos em quimeras

E o que foi dito não se escutou, pois foi escrito

E a teimosia reflete os flagelos dos mitos

E entre livros antigos salvos no incêndio de Alexandria

A última pena sagrada de um semideus