Eu Aqui em Sensações

Epifanias de existência

Realizações intrínsecas diárias

Um resumo de sensações

Deixado em recipiente lacrado

E as abelhas em suas organizações

Formam a doce máfia do mel

Enquanto cupins em colônias reais

Devoram o tronco podre no quintal

E eu aqui com minhas sensações

Recordando os rádios que tocavam cantos de cigarra

Em fins de tarde primaveris e incandescentes

Onde os jardins prateados pela lua saúdam o crepúsculo

E os gafanhotos se alimentam até a morte

Voando em enxames e ceifando a colheita

Como os homens que ceifam a vida e a natureza

E mamam as gigantes tetas do planeta, sem medidas

E eu aqui com meus delírios matinais

Observando as pulgas sugando o sangue do mundo

Devastando em ganâncias o equilíbrio, hoje distante

Bebendo as árvores em taças que transbordam riquezas

Onde se esconderão os cães famintos no amanhecer?

Homens-cães devoradores de mundos

Queimarão em sol tórrido sem mais árvores a sombrear

Sufocarão em seus próprios sonhos aniquiladores

E eu aqui com minhas folhas do caderno,

enfático, zelando pelo organismo maior

que supri minhas vontades, meus sonhos;

e harmoniza minh’alma com a alma do mundo.