Desabafo de Mãe

(um poema místico-ecológico)

Meu coração é fogo incandescente.

Tua mente é só brasa

a se alimentar do ar que te dou,

um sopro de vida,

um folêgo meu.

Em meu ventre fecundo,

semente vira árvore

que te dá frutos.

Tu pisas em minhas ancas,

bebes de meu fluxo

e te dizes senhor?!

Sou tua forma

e sou eu quem te forma

nas vivências em mim.

Há algo em ti de teu Pai,

mas mesmo ele me amou

tanto e tanto,

que em meu ventre se escondeu.

Senhor?!

Não, tu és filho e amor meu,

mas eu me basto!

Tu deverias também...

Quando fores para outros pastos

sobreviverei, Touro do Deus,

e tu serás só um rastro em mim,

se não me amares...

Mas se teu amor for comigo,

amigo e cuidado meu,

meus fluxos te darei,

Senhor dos mares serás,

dos frutos de meu ventre

e do ar de tua mente.

Tu, semente do Sol

moldada na terra

retornarás as estrelas

para ser um com elas,

no ápice da árvore,

cujas raízes estão em mim.

Baco Diphues
Enviado por Baco Diphues em 29/05/2012
Reeditado em 29/05/2012
Código do texto: T3694619